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TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 05 Set 2022, 18:11
por luiz sle
Olá, pessoal!

Surgiram algumas dúvidas em outro tópico a respeito da utilização do GNV, de fábrica. Com isso, decidi pesquisar um pouco sobre o tema e encontrei uma matéria da 4Rodas sobre.

Estarei deixando o link para acesso direto à matéria e a transcrição direta, caso esse link suma com o passar do tempo.
https://autoesporte.globo.com/carros/co ... -gnv.ghtml

MATÉRIA 4 RODAS
Chevrolet Kadett de 1993 a álcool e gás: a primeira experiência da GM com GNV
Quando o gás natural começava a chegar aos postos brasileiros a Chevrolet fez a aposta para garantir economia a seu hatch
Por Bob Sharp
24/11/2021 08h58
Chevrolet Kadett 1993 - Ainda existem poucos postos de abastecimento de GNV, mas eles devem se multiplicar logo. Foto por Santiago Sayols Acervo.png
Chevrolet Kadett 1993 - Ainda existem poucos postos de abastecimento de GNV, mas eles devem se multiplicar logo. Foto por Santiago Sayols Acervo

Que tal gastar o equivalente a US$ 2.500 para usar gás natural como combustível e precisar de apenas 58.500 km para amortizar este custo? Sonho? Não, realidade. É o que proprietários de Kadett e Monza, 1.8 e 2.0 a álcool, podem ter a partir de agora.

Qualquer proprietário? Esse é que é o problema: por enquanto somente automóveis, peruas e picapes de frota (veículos pertencentes a firmas), mais táxis e ônibus, podem passar pela modificação e receber o certificado que autorize seu tráfego e reabastecimento.

Mais uma exigência: deve haver posto de serviço que venda gás natural no município onde o veículo esteja licenciado.

Externamente só um adesivo identifica o Kadett a gás, as maiores diferenças estão no motor e no bolso — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
Externamente só um adesivo identifica o Kadett a gás, as maiores diferenças estão no motor e no bolso — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU

Autoesporte iniciou o teste de um Kadett 1.8 à gás e álcool com atenção especial ao sistema de alimentação de gás: injeção eletrônica multiponto com sensor de oxigênio (sonda lambda), que se iguala aos melhores existentes para combustíveis líquidos.

A partir de dados enviados pelos sensores de pressão absoluta no coletor de admissão, rotação do motor, temperatura do bloco do motor e oxigênio, um microcomputador digital de 16 kbytes determina a vazão de gás por meio de um motor de passo (step motor) na válvula de distribuição. A injeção eletrônica monoponto EFI original permanece intacta.

O gás natural é armazenado em um reservatório cilíndrico instalado no porta-malas. No carro testado sua capacidade era de 10 m³, mas a partir do início da comercialização normal serão usados outros, maiores, de 18,5 m³.

Com carga máxima a pressão é de 200 bar, cerca de 2.800 psi (libras/pol2). O gás é levado por tubulação própria até um redutor de pressão, quando chega a apenas 1 bar (14,2 psi). Dali segue para a válvula de distribuição, indo depois para cada ramo do coletor de admissão, por onde entra nos cilindros em regime de fluxo contínuo.

Para dirigir não é exigida nenhuma técnica especial. A única diferença está numa pequena tecla localizada no painel, à direita do volante, para escolha do combustível. Ao dar a partida o motor funciona por cerca de 5 segundos a álcool, passando automaticamente para o gás.

Percebe-se apenas um breve engasgo, que assinala o momento da troca. Em um dos lados da tecla, que corresponde ao gás, uma luz vermelha pisca por instantes e apaga-se, confirmando a operação a gás natural. Ao acabar o gás, o sistema passa automaticamente para álcool.

A tecla de seleção do combustível fica no painel, à direita do volante — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
A tecla de seleção do combustível fica no painel, à direita do volante — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU

Quando o motor está usando o gás, a bomba de álcool permanece em funcionamento a fim de que a alimentação original não venha a apresentar depósitos de goma por falta de uso, e a cada partida o bico de injeção funciona um pouco, o suficiente para mantê-lo limpo.

Quando, em dezembro do ano passado, a GM decidiu oferecer essa opção, sua ideia era de que tudo deveria acompanhar seus padrões de qualidade. Para isso foi contratada uma firma especializada, a Flow Box, de São Paulo, que se encarregaria do desenvolvimento.

Tudo, porém, seria acompanhado de perto pela engenharia da fábrica. A partir de um sistema holandês foi feito todo o trabalho de calibração e testes, inclusive emissões pelo escapamento. Não foram dispensados nem os testes de impacto pela traseira, para certeza de que o reservatório de gás não se rompa nos acidentes.

Andando com o gás há uma perda de potência ao redor de 10% (como o gás se expande muito, a eficiência volumétrica do motor é menor). Quanto à dirigibilidade em qualquer situação, nenhuma diferença. Não se notam engasgos ou hesitações. Em desempenho, sempre comparando os resultados no mesmo carro usando álcool, as perdas são relativamente pequenas.

A velocidade máxima caiu de 180,7 para 168,9 km por hora; a aceleração de 0 a 100 km/h foi de 16,2 segundos contra 12,4 segundos com álcool; De 0 a 1000 metros, 37,1 segundos a gás e 34,5 segundos a álcool. Portanto, desempenho suficiente para enfrentar qualquer situação de tráfego e, claro, se for necessário mais potência basta acionar a tecla no painel.

Chevrolet Kadett 1993 - No posto o abastecimento com carga máxima é feito com pressão de 200 bar — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
Chevrolet Kadett 1993 - No posto o abastecimento com carga máxima é feito com pressão de 200 bar — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU

O comportamento em curva não muda praticamente nada, pois além de o tanque pesar vazio somente 66 kg (cheio, 80,1 kg), está localizado praticamente sobre o eixo traseiro, onde provoca menos alterações.

Há uma perda de espaço no porta-malas, que passa de 360 litros para 290 litros, uma redução de 20%.

O Kadett testado tinha reservatório a gás com 10 m3, mas os definitivos serão de 18,5 m3 — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
O Kadett testado tinha reservatório a gás com 10 m3, mas os definitivos serão de 18,5 m3 — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.

Mas o grande destaque do sistema GM é a economia, fator ajudado pelo preço do metro cúbico de gás, atrelado ao litro do álcool e custando 20% menos. Na cidade o carro fez 6,5 km por litro de álcool e 13,7 quilômetros por metro cúbico de gás.

Um quilômetro a álcool custava, em junho, Cr$ 3.261,50. A gás, Cr$ 1.238. Isso significa que a cada quilômetro percorrido gasta se 62% menos em dinheiro. Mesmo que a modificação não seja barata, pois custa US$ 2.500, ela se paga após percorrer 58.500 km, tomando por base o dólar comercial médio de junho. Um carro de frota ou táxi que rode 5.000 km por mês amortizará o investimento em um ano. Depois, lucro certo.

O desempenho foi cerca de 10% menor usando o gás em lugar do álcool — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
O desempenho foi cerca de 10% menor usando o gás em lugar do álcool — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.

Há alguns benefícios adicionais ao passar para gás natural, como a troca de óleo do motor e as velas, que têm o intervalo de substituição dobrado. Em compensação a autonomia é menor que a desejável, chegando a 250 km na cidade com o reservatório de 18,5 m³.

No momento o número de postos em todo o Brasil é pequeno. São Paulo, por exemplo, só conta com quatro, o que acarreta demora no atendimento. A tendência, contudo, é o aumento considerável da rede dentro de dois anos.

O custo da conversão para o GNV é de US$ 2.500, e pode ser feita em carros novos ou usados — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
O custo da conversão para o GNV é de US$ 2.500, e pode ser feita em carros novos ou usados — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.

Em resumo, pelos resultados verificados trata-se de uma modificação que vale a pena. Todo o trabalho é feito em determinadas concessionárias Chevrolet e a garantia do carro 0 km não é alterada, inclusive permanecendo o direito ao atendimento de emergência gratuita (Chevrolet Road Service). Mesmo que o carro seja usado há garantia total de 1 ano ou 80.000 km para todo o sistema de gás.

O Kadett a gás 0 km não perde a garantia de fábrica — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.png
O Kadett a gás 0 km não perde a garantia de fábrica — Foto por Santiago Sayols - Autoesporte - Acervo MIAU.

Outro fator de grande relevância é a situação única do Brasil com relação ao uso do gás natural como combustível: os motores a álcool têm taxa de compressão bem mais alta do que os a gasolina, favorecendo o uso do gás natural, que suporta a taxas de até 14:1.

E o gás natural, ou simplesmente metano, tem reservas naturais 20 vezes maiores que as de petróleo. Se as reservas conhecidas do “ouro negro” são suficientes, pelo menos, até o ano 2050, as de gás natural...

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 05 Set 2022, 19:42
por Luiz Carlos (Rio)
Eu tinha um amigo cujo Opala a gás de cozinha (modificação ilegal) fazia 220 Km com um botijão de 13 Kg.
Isso foi no final dos anos 1980.
O interessante é que se alguma autoridade inspecionasse o compartimento do motor não descobriria que funcionava com gás.
Já se abrisse o porta malas... :lol:

Abs

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 05 Set 2022, 19:48
por tyo
Muito legal. Obrigado pela matéria, estava com dúvida.

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 05 Set 2022, 19:49
por tyo
Luiz Carlos (Rio) escreveu: 05 Set 2022, 19:42 Eu tinha um amigo cujo Opala a gás de cozinha (modificação ilegal) fazia 220 Km com um botijão de 13 Kg.
Isso foi no final dos anos 1980.
O interessante é que se alguma autoridade inspecionasse o compartimento do motor não descobriria que funcionava com gás.
Já se abrisse o porta malas... :lol:

Abs
Meu finado vô rodava numa Chevy 500 com gás de cozinha. O mesclador era uma latinha de cerveja na boca do carburador com uns furinhos em cima, kkk!

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 05 Set 2022, 21:28
por Carlos A. Freire
Eu tenho a revista da época com a matéria do Monza e provavelmente no CD da 4 Rodas. É que não me lembro se é da 4 Rodas ou da Oficina Mecânica ou das duas, rs!

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 06 Set 2022, 00:39
por luiz sle
Bom dia!

Acho bacana analisar o contexto da matéria. Nessa época se acreditava que o GNV pudesse vir a substituir o combustível líquido, e na década atual começamos a perceber que na verdade são os elétricos que vão dominar o mercado pouco há pouco. Talvez seja um cenário totalmente diferente daqui 29 anos?

Quanto ao gás de cozinha utilizado em veículo de passeio, lembrei-me dos testes feitos pelo canal Letra Jota no Youtube. Vou compartilhar aqui para quem deseja entender:



Abraços.

Re: TRANSCRIÇÃO 4RODAS - HOMOLOGAÇÃO MONZA EFi ÁLCOOL COM GNV

Enviado: 06 Set 2022, 20:22
por Luiz Carlos (Rio)
A única razão do GLP (gás liquefeito de petróleo) ter o uso proibido em automóveis, nos anos 80, era porque o preço era subsidiado, já que era e é usado ainda nos fogões e fornos. Seu uso em automóveis em outros países é permitido, como na Itália.
Os primeiros kits para uso de GLP no Brasil vinham da Itália.
Uma grande vantagem do GLP é sua baixa pressão. Um botijão desse gás só precisa suportar 8 Bar de pressão. Já o GNV exige botijões que resistam a 220 Bar, sem levar em conta uma margem de segurança. Ouvi dizer que botijões de carro são testados a 400 Bar, não sei se é verdade.
Voltando ao uso do GLP em veículos, eram comuns nos anos 80 adaptações caseiras.

Eu tinha um colega que se especializou nisso. Foi ele quem instalou o kit caseiro no Opala que eu citei na outra msg.
Ele fabricava tipo uma bacia no fundo do porta malas do carro, e desviava a tubulação de escapamento para passar por essa bacia, mantendo-a aquecida enquanto o motor estivesse ligado.
O botijão de 13 Kg era colocado invertido nessa bacia. O aquecimento era necessário para evitar formação de gelo.
Do porta malas saía um tubo até o motor, passando por fora do carro, por segurança. Para ver o tubo era necessário olhar embaixo do carro.
O regulador de pressão era o mesmo usado em cozinha, mas tinha seus orifícios e mola modificados, para que a pressão e vazão de saída fossem bem maiores que as de um fogão.
No compartimento do motor, a mangueira, disfarçadamente, entrava no filtro de ar do carburador. Lá era instalada uma válvula, comandada pelo pedal do acelerador.
Embora fosse uma coisa aparentemente tosca, os motores funcionavam normalmente.
Na Itália, até hoje existem carros movidos a GLP, como veremos no vídeo abaixo.
Como podemos ver no vídeo, como o GLP possui baixa pressão, o botijão na verdade é um tanque, pode ser confeccionado em qualquer formato. O do carro do vídeo tem a forma aproximada de um pneu, e ocupa o lugar do pneu estepe. Tenho uma revista Quatro rodas italiana (Quattroruote) daquele tempo que mostra um carro no qual o tanque de GLP ficava embaixo, como o tanque dos nossos Monzas:

https://youtu.be/gHVSllOB3dk

Hoje não valeria a pena usar GLP num carro. Com R$130,00, preço de um botijão de 13 Kg se compra em torno de 25 litros de gasolina, que dariam para rodar 300 Km (em estrada) no meu Monza, que faz 12 Km/l. Como eu disse na postagem, o Opala do meu amigo fazia 220. Nos anos 80 a economia era grande, pois o gás de cozinha era muito barato. Tanto que muitos se arriscavam a ter o carro apreendido instalando todo tipo de gambiarra. :lol:

Nota sobre o vídeo. O autor do vídeo confunde GLP com GNV, até diz que é tudo a mesma coisa. Fala que na Itália o GNV é chamado de GLP. Não entra em detalhes técnicos, que ele parece não conhecer. Notem o tanque como não se parece nada com um botijão veicular para GNV.

Abs