Olá pessoal.
Como eu já falei diversas vezes aqui, não gosto de carburador.
Mas vou explicar o porquê, antes que me crucifiquem.
Fui mecânico de avião, trabalhei com vários tipos de carburador, e esse componente sempre foi uma fonte de trabalho duro para mim.
No caso de carburadores de carro, antigamente eles eram até simples. Mas mesmo sendo simples, um carburador precisa ter vários sistemas para poder suprir todas as necessidades de um motor.
O sistema principal, composto de um tubo venturi, por onde passa o ar, uma cuba, onde é armazenado o combustível, e os giclês de ar e combustível, esse sistema só supre o funcionamento do motor em algumas situações.
Para poder acelerar o motor rapidamente, por exemplo, é necessário outro sistema, o de aceleração rápida. Em alguns carburadores é constituído de um pistão, em outros de um diafragma, e um tubinho para despejar o combustível extra no corpo da borboleta.
O sistema de marcha lenta permite o funcionamento do motor em baixa rotação.
O sistema de rotação intermediária permite a transição entre a marcha lenta e a rotação normal, de trabalho.
O sistema enriquecedor permite que se enriqueça a mistura nos últimos 10 % da aceleração, para evitar falhas.
O sistema enriquecedor de partida (afogador) permite que o motor pegue quando frio. Se for automático então, mais sujeito será a problemas (meu primeiro carro, um Renault Gordini 1965 possuia carburador Weber francês, com afogador automático, que nunca funcionou na minha mão. Só não tive maiores problemas porque na minha cidade não faz frio).
Então, tem muita coisa para funcionar mal em um carburador.
Esses carburadores mais modernos, como os que equiparam os últimos Monzas carburados, têm mais de um corpo, mais de um estágio, e, infelizmente, não existe muita gente capaz de trabalhar com competência, informação (manuais com todas as especificações) e honestidade para manter um componente desses em perfeito funcionamento.
No meu Chevette, durante o tempo em que ficou comigo, eu troquei duas vezes o carburador, por um novo, e nos últimos anos, quando não se achava mais carburadores novos, fui obrigado a fazer mágica para manter tudo 100%. No caso do Chevette o problema maior era empeno, que ocasionava vazamento, e entupimento de canais internos.
No carburador do Chevette era possível substituir somente a base, coisa muito útil em caso de folga no eixo da borboleta.
Uma pane comum no carburador DFV/WEBER/Magnetti Marelli, do meu Chevette, era esse engasgo em acelerações rápidas. Era causado pelo engripamento do cilindro da bomba de injeção, que possuía uma guarnição de couro. Isso mesmo, COURO!
Uma revisão realmente completa em um carburador vai além da limpeza e troca de giclês, juntas e reparos. Muitas vezes existe obstrução nos canais, que precisam ser abertos com broca, limpos e depois novamente tampados com tampões específicos.
Aqui no Rio existiu, em São Cristóvão, uma oficina especializada só em carburadores. O dono, um alemão, que certamente já não deve mais estar entre nós, deixava o carburador novo. Nem sei se existem mais essas casas...talvez em São Paulo tenha.
Abs