Lucas
Deixa eu te contar uma história.
Em 1998 comprei o carro com o qual eu tanto sonhara: um Monza GLS 2.0 94/95 vermelho Goya perolizado, completíssimo. Ele estava com somente 28 mil km rodados, comprovados pelo livreto de revisões.
Rodei durante alguns anos com ele sem problema algum.
Até que, um dia, na rodovia Castelo Branco, sentido capital, o ar condicionado repentinamente parou de funcionar. Nem a ventilação funcionava mais. A ventilação e o ar condicionado do Monza só funcionam se o alternador estiver gerando corrente normalmente.
Olhei para o painel com atenção e não vi nada de errado. O voltímetro estava indicando voltagem normal e a luz de bateria estava apagada.
Parei no primeiro posto, que tinha uma oficina elétrica do lado, e pedi ao eletricista que desse uma olhada. Eu não tinha nenhuma ferramenta para isso.
O cara tirou a tampa de fusíveis, futucou aqui e ali e condenou logo de cara o alternador.
Perguntei em quanto ficava o conserto e ele chutou 400 reais. Isso foi há 20 anos atrás, era muito dinheiro.
Mesmo pagando, ele não garantia nada, pois não tinha todas as peças que poderiam ser necessárias.
Disse que poderia consertar o ar condicionado.
Quando ele disse isso, perdi o pouco de confiança no cara.
Como a voltagem estava boa e a luz de bateria apagada, resolvi prosseguir viagem até a capital, onde tenho um irmão, e ele me indicaria um eletricista confiável.
Caraca! peguei um engarrafamento monstro. Depois de alguns minutos de volta à estrada, a voltagem no painel começou a baixar, e a luz de bateria acendeu fraquinha.
Eu nem freava mais, para não gastar eletricidade. Usava o freio de mão. Fiquei com medo do motor esquentar, pois o ventilador do radiador é elétrico.
Consegui chegar na casa do meu mano, em Parada de Taipas.
Levamos o carro a um eletricista, que substituiu diodos, rolamento principal, regulador, etc.
Ah, o alternador do meu Monza era um Delco Remy de 80 amperes, fabricado na Coréia do Sul.
Tudo trocado, o carro aparentemente ficou bom. Gastei 125 reais de peças e mão de obra.
Mas eu notei um detalhe que não vou falar agora, para não dar spoiler.
Voltei para o Rio de Janeiro, rodei algum tempo com o carro e...o problema voltou!
Como todo mundo, acho que até aqui no fórum, dizia que o Delco Remy coreano era uma porcaria, fui procurar um alternador novo.
Encontrei remanufaturado (totalmente refeito pela Wapsa, antiga fábrica de alternadores) a 460 reais, o preço mais baixo.
Aí apareceu uma oferta de alternador Bosch de 75 amperes, novo, na Altese, a 396 reais.
Corri para a loja citada e saí de lá com um Bosch novinho pra chamar de meu.
Instalei o alternador e...pqp! A pane continuou!
Era pra desanimar, né? Fiquei igual como você está agora. Como resolveria esse problema, já que um alternador novo não resolveu?
Como eu escrevi lá em cima, em São Paulo, enquanto observava o eletricista remover e reinstalar o alternador, eu notei algo preocupante: o cabo de saída do alternador estava muito fino e com fita isolante envolvendo a extremidade que pega no alternador.
Levantei o carro, entrei em baixo e vi que o cabo estava todo destruído. Muitos fios estavam partidos, com zinabre até a alma.
Para encurtar a conversa: Procurei na mesma Altese um chicote novo. Estava em oferta por 100 reais.
Instalei o novo chicote e fui feliz até minha filha atropelar alguns blocos de concreto, que destruíram a parte de baixo do carro, caixa de câmbio rachou, estouraram todas as mangueiras, o radiador. Perda total!
Passamos agora para a segunda temporada.
Eu havia comprado esse meu atual Monza, GLS 2.0 94, não tão completo quanto o anterior, mas também um bom Monza.
A primeira coisa que fiz foi verificar o chicote do alternador dele.
Não deu outra. Estava também em mau estado. Como não consegui um chicote novo, tirei o velho e pedi a um eletricista para refazer a ponta que pega no alternador. Ele cortou uma polegada do cabo, soldou um novo olhal, e fiquei mais tranquilo.
Há pouco tempo voltou a dar problema, e eu modifiquei o chicote. Removi a parte danificada, que vai do motor de arranque até o alternador, e instalei dois cabos novos no lugar. Agora, ao invés de um, tem 2 cabos na saída do alternador.
Meu alternador Bosch remanufaturado pela Wapsa, que veio nesse Monza, deu problema de regulador. Substituí e o regulador durou muito pouco.
Aí tive a ideia de pegar meu velho alternador Delco Remy de 80 amperes, guardado no sótão.
Instalei e está no Monza até hoje. Deve ter alguns anos já. Até escrevi aqui no fórum a história dele.
Para terminar, não desanime. O Monza é um carro que merece que você gaste (desde que tenha disponível, claro) um pouco mais, tipo trocar o alternador, etc, para ter ele de novo confiável. O pior carro é aquele que você tem medo de tirar da garagem e passar sufoco (ou vergonha) no meio do trânsito ou numa estrada.
Uma boa revisão no alternador (e no cabo que eu citei, que é muito comum dar zinabre e ficar imprestável), e você terá de volta um carro que costuma dar muito prazer de dirigir, apesar da idade dele.
Abs